Monday, January 22, 2007

A Caixa Encarnada - Capitulo III

Lembro-me ainda do primeiro dia que te vi, entrei naquela sala na casa da Joana, os meus olhos “scanaram” imediatamente a tua pessoa mas fingi que não vi. Encontramo-nos várias vezes nos meses seguintes, fui disfarçando a curiosidade e o interesse que a tua pessoa despertava em mim. Trocava algumas palavras contigo mas sempre de circunstância, nunca avancei muito na conversa, talvez porque já sabia que se o fizesse corria o risco de me apaixonar por ti e isso não estava nos meus planos.

Não contava que naquele dia, 24 de Janeiro lembro-me perfeitamente, tivéssemos de partilhar um guarda-chuva…Partilhar como quem diz, estávamos os dois debaixo do mesmo guarda-chuva, porque eu fiquei completamente molhada, eu sou baixinha e tu és um bocado alto, o que fez com que o guarda-chuva não me tenha servido de grande coisa. Tu reparaste no sucedido, pediste me desculpa, como se a tua altura fosse culpa tua…Lembro o teu sorriso, entre um encolher de ombros, como se fosses um menino que tinha acabado de fazer asneira, conquistaste-me nesse olhar. Seguiu-se um jantar, uma ida ao cinema, de repente o meu mundo deixou de fazer sentido sem o teu.

Tenho saudades desses tempos, tenho saudade do teu sorriso de menino, tenho saudade de acordar e ficar bem quietinha a ver-te dormir…tenho saudades tuas. Deus, como tenho saudades tuas, por vezes abre-se um buraco bem no centro do meu peito que te pertence, e que espera que o venhas preencher. É tarde de mais…um dia esta saudade vai passar.

Tuesday, December 12, 2006

A Caixa Encarnada - Capitulo II

Passei todo o dia, a percorrer joalharias, não encontrava as que achava serem as nossas, aquelas que simbolizavam tudo o que sentia por ti. Consegui encontrar as tulipas pretas que tanto gostas, pedi à florista que fizesse o ramo o mais simples possível. Quando entrei em casa, não cabia em mim de contente, sempre pensei que te estaria a fazer a surpresa da tua vida. Quando te estendi a caixa encarnada, e fiz a pergunta mais difícil de toda a minha vida, aquela que me dava mais satisfação, nunca pensei que a tua resposta fosse a aquela. Não aguentei, virei-me e trinquei a mão para que não ouvisses o grito que me transbordava a alma.

Sempre soube que o casamento não fazia parte dos teus planos, mas pensei que, ao fim de quatro anos e meio a viveres comigo, quisesses. Afinal a única diferença era o papel. E eu gostava tanto de te ter como minha mulher… Doeu-me tanto que decidi sair de casa, deixar-te a ti que eras a pessoa mais importante da minha vida, com quem pensei partilhar todos os meus sonhos e medos. Pior do que o não, foi a indignação que demonstraste, como se te estivesse a ofender, como se fosse a coisa mais estúpida do mundo, eu querer casar-me contigo. Pisaste os meus sentimentos, não consegui olhar mais para ti, era demasiado doloroso.

Quando sai de casa pensei nunca mais encontrar um rumo na minha vida. No entanto não foi isso que se passou, encontrei uma pessoa espantosa, alguém que me ajudou a tratar a ferida que me abriste no peito. Alguém que me ouviu quando mais precisava, mais necessitava de um ombro amigo, ainda sonhava contigo todas as noites e todos os dias. A pouco e pouco foste tornando mais distante deixaste de fazer parte do meu quotidiano. E ela começou a preencher-me os dias, os pensamentos, a minha vida.

Fomos viver juntos. Até que um dia ela perguntou-me logo de manhã, acabadinhos de acordar: E se casássemos? De um modo simples, sem grandes confusões, nem preparações. E eu respondi-lhe que sim, nem pensei, foi bastante natural. Estou feliz com a minha decisão, incrivelmente foste tu a primeira pessoa a quem tive necessidade de dizer.

Telefonei-te. Pareceste surpreendida quando ouviste a minha voz. Não falávamos há três meses, achei que não era noticia que se desse pelo telefone. Fomos tomar café, cheguei mais cedo, quando te vi aparecer ao longe a tua figura pareceu-me desconhecida, foi como se tivesse esquecido os teus contornos, o jeito do teu cabelo, a tua maneira de andar, até a tua voz. Iniciámos a conversa com as coisas banais, a família de cada um, os amigos que deixaram de ser comuns… até que me perguntaste: Que notícia é essa tão importante que não me podias dizer por telefone? Respondi-te, entre dentes, vou casar! Nunca paraste de me surpreender, começaste a rir como se não existisse amanhã, mais uma vez brincaste com algo que para mim era importante. Magoaste-me outra vez, quase tanto como da primeira. Mas continuavas a ser uma pessoa importante na minha vida, uma pedra fundamental no meu ser, por isso perguntei se querias ser a minha madrinha de casamento, balbuciaste umas palavras que imaginei quais fossem, disseste-me que não, era um absurdo, levantaste-te e foste embora.

Decidi naquela hora continuar a minha vida, sem me lembrar mais de ti. Mas desde aquele dia que voltaste ao meu imaginário. Foi uma asneira aquele telefonema, como sempre decidi seguir o meu coração e nem pensei.

Agora trago-te comigo no peito e não sei como te expulsar.

Monday, December 11, 2006

A caixa encarnada - Capitulo I

Eis o inicio de uma história, não sei se tenho muito jeito para capitulos e histórias longas, mas vou experimentar, vocês serão as minhas cobaias, digam de vossa justiça.

O inicio do texto não é meu, é de um site que nos desafia a fazer este tipo de coisas (http://livrodosbonsprincipios.wordpress.com/).



Foto: MT


O que prometeste naquela noite é que regressarias mais tarde, “daqui a pouco”, com uma surpresa boa. Não disseste que me trarias uma caixinha encarnada, embrulhada em cetim preto, com um anel de preço comprometedor a fitar-me e a brilhar mais do que eu. Não me disseste que esperavas que a abrisse com entusiasmo ou que respondesse à tua pergunta (aquela que nunca quis ouvir!!! e que vai bem com a nossa música preferida) com o mesmo encanto eufórico com que a pronunciaste. Não me disseste nunca que esperavas mudar a minha forma de encarar a vida e a morte do amor, nem nunca esperaste fazê-lo entre lençóis, porque aí apenas inventamos que estamos vivos… Fiquei tão indignada contigo! Ou foi raiva? Ou decepção?

Balbuciaste umas palavras de incompreensão que nenhum de nós quis ouvir, que fingi não ouvir, voltaste as costas e eu soube que estavas a tapar o choro ou o grito com a palma da mão. Sei que te esmaguei, mas os teus sentimentos eram demasiado tenros, como fruta que pisamos no chão, mesmo sem querer ou quando queremos mordê-la mas se desfaz nas nossas mãos.

Agora sei que vais casar. Por isso decidiste encontrar-te mais uma vez comigo… Para me dizeres isso. Talvez humilhar-me. Não me conheces. Mas porque é que esta conversa tinha que acabar sem roupa, como as outras antes desta? Casa-te. Quem fica com as tuas alianças sou eu.

Fico-te com as alianças e com o coração. Não me conheces, tal como não me conhecias na altura, como é que te pode passar pela ideia que nos pudéssemos casar? Como pensaste que eu me iria casar? Esse tipo de pensamento da tua parte trespassou-me como se as tuas palavras fossem espadas. Não se está cinco anos com alguém sem o/a conhecer, devias saber melhor que isto, ou achavas que, quanto dizia que era contra o casamento, estava a falar dos outros ou a fazer um género? O casamento não se enquadra como o meu modo de vida, com o que quero para mim, tu acima de todas as pessoas devias saber isso. Eu sabia que no teu intimo era tua vontade casar, mas sempre pensei que abdicavas desse desejo por saberes que eu não fazia a melhor intenção de o fazer. Naquele momento morreste para mim, como morrem todos aqueles que me magoam.

Esta tua obsessão, quase doentia com o casamento, preocupa-me. Passaram três meses desde que nos separámos, três meses bastaram-te para te atirares para um casamento. Não percebo o que se passa nessa tua cabeça.

Quando recebi o teu telefonema, demorei a perceber o que pretendias. Disseste que querias contar-me uma coisa que para sempre iria mudar a tua vida. Pensei que fosse algo profissional. Por isso concordei em encontrar-me contigo. Quando mo disseste comecei a rir, pensei que estivesses a gozar, perguntei-te até a brincar se se tratava de alguma imigrante que precisava de visto, lembras-te?

Não acredito que seja tão fácil esquecer alguém com quem se viveu durante quatro anos e meio, em três meses, muito menos acredito alguém no seu perfeito juízo case com alguém com quem tem uma relação de menos de três meses…não o consigo compreender. Talvez seja possível, é certamente possível no teu caso, porque o vais fazer. Parece-me abuso que me convides para tua madrinha de casamento, não é normal. Recusei…não vou fazer parte da tua loucura. Além disso dói teres-me esquecido, em tão pouco tempo. Fere-me no mais íntimo do meu ser. Queres saber se ainda gosto de ti? É óbvio que sim, não se esquece uma história como a nossa em tão pouco tempo.

Tuesday, December 05, 2006

Uma prenda de Natal antecipada para a minha irmã e para as minhas amigas. O importante era mesmo a música por isso...


"Só o teu riso dura. Mostrei-te o mar.Mostrei-to antes e depois de morreres"
Luis Filipe Castro Mendes

Monday, December 04, 2006

Retrato de Adolescente

Estou sentada no chão do meu quarto, espremida no pequeno espaço que dista entre a mesa-de-cabeceira e o armário. Choro. Choro muito. No rádio passa a cassete, mais usada de todos os domingos, Enigma. Este cenário repete-se todas as semanas. O quarto não tem luz, o estore está corrido até baixo. O Domingo é o único dia em que tenho tempo para chorar, para deitar tudo o que tenho cá dentro. Este reboliço de sentimentos e revoltas que trago comigo. É como se carregasse dentro de mim duas personalidades, a que tem de fazer tudo o que deve ser feito e a outra a mais escura que quer gritar bem alto todas as atrocidades que me atropelam durante a semana. Esta tarde é o único tempo que tenho para mim, para me libertar. Apetece-me gritar, mas não posso. Até o choro, que não consigo reprimir, tem de ser mudo, para não alarmar os meus pais que estão em casa. Eles não compreendem, fazem tudo o que é humanamente possível fazer por um filho, não quero preocupá-los, não quero que se sintam impotentes e se culpabilizem, a culpa não é deles. A culpa é minha. Como é que as coisas chegaram a este ponto não sei, não consigo perceber, faço tudo para agradar a tudo e a todos. Inventei um jogo, o objectivo é não pensar. Penso então que não posso pensar em nada, uma parte do meu cérebro fica bloqueada mas existe outra por detrás que começa a pensar que não pode pensar em nada, e assim passo horas neste exercício de concentração, que me permite dividir o meu pensamento em nove patamares, não consigo mais.
Amanhã é segunda, detesto as segundas-feiras. Detesto ter que voltar a ver todas aquelas pessoas que estão na escola. Mas tenho que ir e com um sorriso nos lábios. Não deixo perceber que me provocam, raiva, angústia, mau estar, que me fazem sentir como se tivesse perdido a minha dignidade, o meu carácter, a minha opinião, a minha vontade. Não sei se me humilham por prazer. Refugio-me no meu próprio mundo, um mundo em que sou tudo o que sempre quis ser. No meio desta dor tortuosa aparento ser feliz, habituei-me a fingir toda essa felicidade, para que não entrar num abismo ainda mais profundo. A minha alma negra e transtornada não permite passar essa fronteira. As tentativas de suicídio, fui sempre demasiado cobarde para infligir dor em mim própria, apesar de várias vezes as ter iniciado, deixaram de atordoar o meu pensamento. As fugas da realidade, sempre infrutíferas, já não se transformam em fugas reais, são demasiado penosas para a minha mãe. Mas a realidade é que continuo a querer fugir, não sei para onde, penso que para o mundo dos sonhos, talvez. Quero sair desta cidade, ir para o mundo onde outrora me sentia compreendida, quero estar no meio dos animais, porque sinto que estes são os únicos que me conhecem, que me percebem, que me entendem, quero voltar para o Alentejo.
Escrevo muito, tenho vários blocos de apontamentos, leio muito, no pouco tempo que me resta da minha actividade escolar e desportiva. São a única brecha, para o mundo dos sonhos, que me é permitida. Ouço música, muita música, o prazer último da minha existência, ouço sempre música, nas aulas, na rua, sempre…até mesmo quando não existe nenhum rádio presente. As canções transformam-se em escapes da realidade, transportam-me para um mundo que não pode ser meu, mas que no entanto me faz sentir verdadeiramente à vontade. Queen, Luís Represas e Beatles são os meus guias. De tal forma que por altura da morte de Freddy Mercury passei todo o dia a chorar, escrevi-lhe um poema durante a primeira aula da manhã e desenhei um retrato a carvão que coloquei na porta do armário do meu quarto, foi como se um amigo tivesse morrido, na minha realidade foi.
A minha mãe está a chamar-me para ir jantar, terminou o meu momento, volto a ter uma cara contente, alegre e pronta para enfrentar a vida. Amanhã é segunda-feira, tenho tanto medo…

Sunday, December 03, 2006

Balada do 5º ano Juridico



Balada do 5º ano Juridico pelo Grupo de Fados da UM

Se existe música que me emociona é esta...não existe outra que me atravesse de forma tão tempestuosa, desde o sotão até à cave.
Palavras para quê? Ouçam a letra...e quem sente a Tradição não precisa que se diga mais nada.
Guardem a caixinha das emoções porque ela vai entrar em ebulição.

Boa Noite

Monday, November 27, 2006

A mente

Reprodução de um quadro de Zé Penicheiro (quem não conhece que descubra a obra que é realmente fantástica)


Realmente a nossa mente, é um bichinho bem confuso e cheio de labirintos. Mas por vezes basta uma boa conversa para tudo ficar resolvido dentro de nós. E compreendemos que por vezes ela gosta de nos provocar sentimentos que colmatem falhas antigas, sendo que estes podem ser meramente ilusórios e basta-nos um raciocinio rápido para nos apercebermos das armadilhas que nos pregou.

A minha mente quis brincar comigo e baralhou todo um sistema existencial previamente definido. Mas basta encontrarmos o "ficheiro" danificado para repor todo o sistema novamente.

Estou de volta, cheia de força e com vontade para dar umas valentes gargalhadas.

Obrigada a todos os meus amigos, que nesta altura confusa que passei, me demonstraram porque os posso chamar de verdadeiros amigos.
Depois de toda a tempestade chega a bonança e a minha já chegou. Aprendeu-se mais alguma coisinha no caminho, que afinal de contas é para isso que cá andamos...

A única coisa que me preocupa neste momento é o sono e a fome que tenho, provocada por este "bug" porque fui atacada. Vou tratar disso.


Beijinhos



Mulholland Drive

Foto: MT

Estive hoje a assistir a esta pérola do David Linch, confesso que foi a primeira vez que o vi todo, embora tivesse o DVD em casa há alguns anos. Vi-o no momento certo, confesso. Fez-me lembrar a minha vida tal como se encontra. Pena que também eu abri a caixinha azul, preferia ter ficado no mundo da ilusão. Mas agora já o fiz...está feito, melhores dias virão.
Tal como o Vasco (41m) começei a ver as letras das músicas de outra forma, deixo-vos aqui um trecho de um poema dos The Gift "Fácil de Entender", agora faz todo o sentido.


"Talvez por não saber falar de cor, imaginei
Talvez por saber o que não será melhor, aproximei(...)
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
Talvez por não saber falar de cor, imaginei. (...)
Obrigado por saberes cuidar de mim, tratar de mim, olhar para mim...
Escutar quem sou e se ao menos tudo fosse igual a ti...
(...)não sei o que é sentir
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender."

Saturday, November 25, 2006

Ausência

Foto: MT

A alma sente-se como uma praia abandonada em pleno Inverno. Precisa de chá e torradas para encontrar o rumo certo. É aquele tempo, em que o sol teima em não espreitar para nos alegrar nem que seja por um instantinho. Optei por arrumar os sentimentos no sotão, não chateiam, não atrapalham e doem mais longe.
As lágrimas já fizeram companhia à chuva que cai lá fora, o grito já se confundiu com o grito das gaivotas, o corpo já se misturou com a areia molhada de forma a exorcizar os males que o espirito teimoso não quer afastar.
Queria fazer uma viagem....bem longa por sinal, para me esquecer de tudo...para me esquecer de mim.
Se perguntarem por mim digam....digam que fui fraca, não aguentei e fugi.... mesmo que me vejam o corpo, não conseguirão encontrar-me a alma...aniquilei-a.

Friday, November 10, 2006

Atchim, atchim, sniff, sniff, coff, coff...

Que chatice andar nesta incultura a virús. As constipações nunca vêm nas alturas certas. Dias e dias em que choveu a potes, assim que espreita o sol radioso, pimba...atchim, atchim, sniff, sniff, coff, coff... Não há direito... Planos para o fim de semana, ir andar de bicicleta para a praia, um raid fotográfico na Serra, etc...etc... nickles batatoides. Troquei pelas pantufas, o cobertor, o lenço ( amigo de todos os minutos), o xarope e as saquetas do genérico. Com estas condições agora sim apetecia uma chuvinha lá fora, o friozinho, para acompanhar cá dentro com música, chá e um livro. Mas não, prevê-se sol radioso e temperatura a rondar os 24º! Até parece que o Senhor do Tempo anda a brincar comigo! Se faz favor emende a mão! Eu faço uma petição, só tem de me dizer onde a entrego, mande o endereço se faz favor. Caso seja longa a distância, envio-a a pagar no destinatário.

Wednesday, November 08, 2006

Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas

Um exercício proposto pelo Pedro Ribeiro,achei deveras interessante, no entanto parece-me extremamente difícil. Vou entrar na viagem do auto-conhecimento.


Nunca fui à Lua, mas passo lá os dias.
Nunca fui cientista, mas reinvento-me todos os dias.
Nunca me perdi, mas perco-me nos meus pensamentos.
Nunca me senti abandonada, mas vivo só.
Nunca deixei de ouvir música, mas adoro o silêncio.
Nunca me senti presa, mas a ideia aterroriza-me.
Nunca saltei de pára-quedas, mas já me estatelei várias vezes.
Nunca corri a maratona, mas já me senti como se o tivesse feito.
Nunca dei a volta ao mundo, mas no mapa já percorri as principais estradas.
Nunca visitei a Biblioteca do Congresso em Washington, mas gostava de ler todos os livros que ela contém.
Nunca gostei de pássaros, mas adoro voar.
Nunca gostei de alguém e fui correspondida, mas gostava de experimentar.
Nunca fui à Baviera, mas se pudesse voltava lá todos os dias.
Nunca saltei de um precipício, mas sinto-me cair a cada dia que passa.
Nunca fiz mergulho, mas é debaixo de água que me sinto livre.

Monday, November 06, 2006

Um fantástico fim de semana

Foto: MT


E assim se passou um fim de semana fenomenal, aliás como deveriam ser todos. Vou enfrentar a semana que se avizinha de alma renovada, pronta para enfrentar as batalhas que se aproximam.
E para encerrar nada melhor que comer um pedaço de torta de chocolate branco acompanhado por um copo de leite, para dormir e sonhar com os anjos.
Beijinhos
Divirtam-se!

Friday, November 03, 2006

O Mar


Foto: MT

Ai as saudades do mar...
Dos passeios na praia em pleno Inverno.
Venha a água acalmar a alma, que anseia pela paz, que nem o ronronar da minha princesa consegue provocar.


"Não é nenhum poema
o que vos vou dizer
Nem sei se vale a pena
Tentar-vos descrever
O Mar, O Mar
E eu fui aqui ficando
só para O poder ver
E fui envelhecendo
sem nunca o perceber
O Mar, O Mar"
Pedro Ayres Magalhães

Sunday, October 22, 2006

Fragmentos de Mim

Foto: MT

Nunca foste uma desilusão, nem conto que o venhas a ser. Nunca foi o meu propósito. Mas por vezes ser “eu” não é muito fácil, tenho noção que sou 8 ou 80, nunca fui capaz do 40. E por muito que o exija, para mim o equilíbrio não é fácil, eu sou corda bamba, preciso da emoção para me sentir viva. Por isso não sou consensual. Como tal, não o sendo em alguns aspectos, sou extremamente emotiva, nem sempre consigo controlar essas emoções, quando isso acontece o meu lado racional cessa, deixa de existir. E foi isso que aconteceu, depois paro para pensar, com o coração já frio, e vejo as injustiças que cometo, mas infelizmente não fui capaz de as controlar. Um dia pode ser que isso acabe, para já é superior a mim, não o controlo.
Peço desculpa por tudo. 100% Sei como sou difícil de aturar por vezes (ou muitas vezes).
Não queria que fosses apanhado no turbilhão. És especial para mim.

Friday, October 06, 2006

Princesa

Foto: MT

Estás doente. O meu coração está apertadinho, bem pequenino, está aflito, não consigo pensar em mais nada do que na urgência da tua melhora. Sinto me culpada, afinal de contas não tomei os cuidados necessários que a tua frágil existência exige. São ocasiões destas, que me demonstram a tua importância para a minha sanidade mental e emocional.
És a minha alma, sempre que te olho vejo-me espelhada em ti. És o meu coração, antes de ti ele não tinha utilidade. És o contrário de solidão e não há dúvida que terminaste com a minha. És a minha confidente, a única a que confio as minhas angústias e alegrias, e tu, à tua maneira, lá me compreendes. Apetece-me pegar-te ao colo, embalar-te e afastar todo o mal de ti, porque tu a pouco a pouco foste afastando-o de mim.
E agora vejo-te deitada, frágil e sinto-me impotente. Não sei o que fazer, não sei o que pensar, fico aqui à espera de te ver correr e brincar novamente.
Gostava de acordar e ver o sol, porque hoje o céu da minha alma está encoberto.

Tuesday, October 03, 2006

Acabou-se o Verão

Foto: MT

Infelizmente acabou-se o Verão...venham então, o cheiro da terra molhada e as tardes de domingo, chuvosas, na companhia de um bom livro. Os passeios pela praia vazia e o som das marés vivas.
Do Verão restam as saudades do sol quente e do calor... Para o ano há mais!

Sunday, September 17, 2006

...

“O Passado. Do fundo do tempo, aparecem pedaços de recordações. Demoram-se um instante, doem-me suavemente e somem-se”
Tudo passa com o tempo, por isso há que encarar a desilusão, a tristeza e a mágoa como memórias futuras distantes que um dia hão de teimar em sumir. E é disso que me convenço, enquanto vou escrevendo estas linhas. De momento estas "sensações" assolam-me, embora as últimas duas sejam arrastadas pela primeira.
As lágrimas caem, o coração fica pequenino, a alma pesa…mas tudo se supera.
Acabaram-se as palavras.

Monday, August 28, 2006

Sons Nocturnos

Escrevo a ouvir os sons bem timbrados da guitarra (viola para os mais puritanos) que me invade o ouvido a estas horas da noite. Sons que descansam bem cá dentro e que invadem, sem pedir autorização, o coração. Demoram-se um bocadinho à entrada do aparelho auditivo, mas penso lhes que entrem, sem precisarem de fazer qualquer tipo de cerimónia.
Um qualquer músico, que até à data desconheço, penso que os senhores da 2 se lembraram de nós, aqueles que começam a ver um programa após o seu início, para nos satisfazerem a curiosidade.
As adaptações que faz a fados conhecidos, como é o caso de “No Teu Poema” de Carlos do Carmo, que é senão o meu fado preferido definitivamente um deles, é no mínimo de cortar a respiração. E no meu caso estas notas cortam-na muito facilmente. É como que manteiga para os ouvidos, descansam-se no meu coração. Relembram-me a letra sem que seja preciso a mente fazer muito esforço.

No Teu Poema”

No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaçodo corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.

E para não estragar, assim vos deixo.
Com a certeza de que vou dormir melhor, que vou meter “o coração a descansar”, que esse bem precisa, e com um sorriso nos lábios.
Durmam bem

Wednesday, August 23, 2006

Boas Férias



Foto: MT

Umas boas férias para vocês todos... lembrei-me hoje que me esqueci de vos dizer, portanto quem já as gozou que tenha sido inesqueciveis, quem as vai gozar que as torne inesqueciveis.

Beijinhos

Thursday, August 17, 2006

O Lago


Foto: MT


A calma que nos transmite o lago não é nada mais que um reflexo das mais pueris recordações que transformam o passado em presente ainda que por breves instantes. Demoram-se um bocadinho e somem-se com a mesma rapidez com que tinham aparecido.
Mas que belas lembranças essas…
Pena que não se demorem mais um bocadinho!