Monday, January 22, 2007

A Caixa Encarnada - Capitulo III

Lembro-me ainda do primeiro dia que te vi, entrei naquela sala na casa da Joana, os meus olhos “scanaram” imediatamente a tua pessoa mas fingi que não vi. Encontramo-nos várias vezes nos meses seguintes, fui disfarçando a curiosidade e o interesse que a tua pessoa despertava em mim. Trocava algumas palavras contigo mas sempre de circunstância, nunca avancei muito na conversa, talvez porque já sabia que se o fizesse corria o risco de me apaixonar por ti e isso não estava nos meus planos.

Não contava que naquele dia, 24 de Janeiro lembro-me perfeitamente, tivéssemos de partilhar um guarda-chuva…Partilhar como quem diz, estávamos os dois debaixo do mesmo guarda-chuva, porque eu fiquei completamente molhada, eu sou baixinha e tu és um bocado alto, o que fez com que o guarda-chuva não me tenha servido de grande coisa. Tu reparaste no sucedido, pediste me desculpa, como se a tua altura fosse culpa tua…Lembro o teu sorriso, entre um encolher de ombros, como se fosses um menino que tinha acabado de fazer asneira, conquistaste-me nesse olhar. Seguiu-se um jantar, uma ida ao cinema, de repente o meu mundo deixou de fazer sentido sem o teu.

Tenho saudades desses tempos, tenho saudade do teu sorriso de menino, tenho saudade de acordar e ficar bem quietinha a ver-te dormir…tenho saudades tuas. Deus, como tenho saudades tuas, por vezes abre-se um buraco bem no centro do meu peito que te pertence, e que espera que o venhas preencher. É tarde de mais…um dia esta saudade vai passar.

7 comments:

Miguel said...

Francamente, passando agora mais cuidadosamente por este "Blog", afirmo que gosto do que leio. Em particular, este tipo de escrita algo espontânea, como que ao correr da pena, é algo agradável, provoca reflexão, estabelece empatia, mesmo sem que se conheça a autora! Esta uma das possibilidades positivas do uso responsável das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Em particular, permito-me elogiar esta trilogia de "A Caixa Encarnada"..., por tudo! Que a Autora continue a surpreender.atentamente, Rcha., 23/01/2007

VCP said...

Chuack! És linda!

António said...

Minha querida!
Esta terceira parte demorou uma eternidade e até saiu com letra diferente...eh eh.
Estive a ler tudo de novo.
Reitero o que disse em relação aos outros dois capítulos, mas fiquei sem saber se a história acabou ou não.
Se não, deverias ser mais clara ao deixar algum suspense em aberto.
Se sim, confesso que me parece que acabaste porque sentias que era tua obrigação fazê-lo.
Sabe a história demasiado mal acabada.
E as personagens que criaste até tinham muito para serem mais bem conhecidas pelos leitores.

Obrigado pelo teu comentário ao meu post do gato-ladrão.
Cá em casa ninguém liga nada ao que eu escrevo.
E o meu filho está-se marimbando nas histórias da família.
Mas estou certo de que quando eu já estiver morto e enterrado vai buscá-las uma a uma e contá-las aos filhos que venha (eventualmente) a ter.
Acho que isto faz parte do conflito de gerações...não sei bem.

Beijinhos

JMC - João Maria Condeixa said...

Mto bem! vale sempre a pena ir passando por aqui e redescobrir um capítulo. Continua...Para quem escreve e lê todos os dias coisas banais, confesso que sabe bem vir aqui dar uma vista de olhos!

Leonor said...

ola mt.
tens um estilo coloquial que sai muito ao fluir do pensamento, tornando-se agradvel de ler. lamento dizer-te com demasiada certeza que a saudade nunca passará e a recordaçao desses pequenos momentos ficarão para sempre.
claro que há a hipótese de ser tudo ficção mas atrás de uma ficção está uma maneira de pensar e sentir.

beijinhos da leonoreta

António said...

Minha querida!
O que eu disse no 1º comentário foi que:
"(se a história não acabou)...deverias ser mais clara ao deixar algum suspense em aberto".
Assim resta a dúvida, que nunca deve ficar numa história por episódios. Deves deixar sempre uma ponta solta para assim dar o sinal ao leitor de que há continuação, percebes?
Se tivesse acabado é que estaria muito mal acabada.
Tu escreves bem e de uma forma essencialmente feminina.
Não fazes diálogos.
Já reparaste que na história da nossa literatura as mulheres são essencialmente poetisas e raras vezes prosadoras.
Só no sec. XX aparecem algumas de respeito.
Nota: Eu tinha percebido que este capítulo 3º era um flash-back. É óbvio, não?

Resumindo:
quando terminas uma parte deves deixar no leitor a certeza de que vai continuar, de preferência com algum suspense no ar.

Beijinhos

António said...

Repara que eu não sou escritor, nem tenho formação em Letras (antes em Ciências), nem sou grande leitor e só escrevo umas coisitas aqui no blog há dois anos (a completar no dia 7 de Fevereiro).
Portanto, a minha crítica, que pretende ser construtiva, vale o que valho eu! Nada!

Beijinhos