E tal como o Pedro Norton depois aconselha leiam isto.
"Se um elefante incomoda muita gente…
Sempre entendi a política como coisa séria. Para ser levada a sério. E tratada com seriedade.
Mas foi vingando a ideia de que o sério é chato. E, na busca de uma política apelativa, a modernidade mediática trouxe soluções: o debate vestiu a cor do circo e a crítica acantonou-se no humor.
É claro que não vinha mal ao mundo da existência de tais produtos – aliás, em voga aquém e além-fronteiras.. O problema sempre foi – como sempre seria – o exclusivo. Houvesse outros meios de aceder à discussão, de aprofundar argumentos e de desenvolver o contraditório e nada de mais grave ocorreria.
Sucedeu, no entanto, que a graça feita para ser ligeira e inconsequente acabou por, à falta de registo sério, passar a ser o seu contrário. A inconsequência tornou-se profundamente consequente e promoveu uma efectiva corrosão no espaço público.
O efeito foi exponencial. Tipicamente, não seria possível resistir: não há regras, não há armas, não há defesa. Um boneco menos simpático, uma graçola mais pesada e o destino fica escrito.
Para o poder, o jogo é tentador. Mas arriscado. Num primeiro momento, pode ser muito eficaz. No que diz, no que não diz, no que distrai. Porém, com o tempo, é muito provavelmente devastador.
O fim de carreira do “Gato Fedorento” na RTP foi sinal eloquente dessa percepção. Aliás, como tal não escapando aos mais desatentos. Por isso, muito mais subtil e certeiro, foi o discreto desaparecimento do “Contra-Informação”. De um dia para o outro, sem aviso, sem alarde. Vítimas do seu sucesso: qual bobos da corte que exorbitaram. Agastando o poder, tornaram-se incómodos - logo, dispensáveis.
Poder avisado, este que temos. E perigoso, cada vez mais perigoso."
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