O mundo ficou novamente mais pobre, morreu uma das divas do canto do séc. XX, Elisabeth Schwarzkopf, sem sombra de dúvidas a minha guia no que concerne a Bach e Schubert. É com o coração um tanto ou quanto apertado que escrevo estas linhas.
Morreu um marco da História do Canto Lírico.
Fica aqui o artigo do "Jornal de Noticias" pelo qual soube da morte desta grande e polémica Senhora. Restam-nos os registros fonográficos e televisivos (como os seus famosos workshops que tantas vezes assisti na Mezzo).
Uma enorme salva de palmas para Elisabeth Schwarzkopf.
“Elisabeth Schwarzkopf, tida como umas das principais vozes do século XX, a par de Maria Callas, faleceu ontem na sua casa, em Viena, anunciou a estação pública de televisão austríaca. A soprano tinha 90 anos.Retirada dos palcos desde 1975, Schwarzkopf alimentou uma carreira recheada de êxitos, durante a qual trabalhou com maestros de renome, como Herbert von Karajan, Wilhelm Furtwaengler ou Otto Klemperer. Para a posteridade ficam as suas inigualáveis interpretações de compositores como Strauss, Mozart, Schubert e Wagner.
Nascida em 1915, em Jarocin, na Polónia, Olga Maria Elisabeth Frederike Schwarzkopf mostrou um grande fascínio pela música desde muito nova. Estudou na Berlin Hochschule für Musik e subiu pela primera vez ao palco em 1928, vestindo o papel de Eurydice numa produção de Magdeburgo.
Dez anos depois, juntou-se à Deutsche Oper de Berlín como soprano junior.
A estreia como profissional dá-se dois dias depois, com a interpretação da segunda florista no segundo acto de "Parsifal", de Wagner.
De então em diante, foi dona de um percurso ascendente, como o comprovam os seus numerosos discos. Actuou na Royal Opera House de Londres, subindo ao palco no papel de Dona Elvira, na ópera "Don Giovanni".
Foi a Condessa, em "As Bodas de Fígaro" e em "Capriccio", Marschallin em "Der Rosenkavalier" ou Alice Ford em "Falstaff".
Casada com Walter Legge, produtor inglês e "caçador de vozes" como a de Maria Callas e de Victoria de Los Angeles, a soprano de origem alemã adquiriu a nacionalidade britânica.
Com a morte do marido, Schwarzkopf retira-se em definitivo dos palcos, pois "não fazia mais do que reflectir a luz dele", disse.
Ligações perigosas
Em 1996, a incólume carreira da soprano é manchada por uma biografia de Alan Jefferson, onde o autor sugere que o sucesso da germano-inglesa se devia à sua simpatia pelo regime do III Reich. Schwarzkopf passou a integrar as fileiras do partido nazi em 1940, mas, segundo ela, por obrigação, já que o seu pai havia perdido o emprego por recusar a filiação. Em entrevista a um semanário francês, a soprano foi mais fundo, explicando em detalhe a situação. "O meu pai disse-me não tens nada a ver com política. Tens essa voz, a voz do século. Ocupa-te disso somente". Mas o "Ney York Times" havia de baptizá-la como "a diva nazi".
Schwarzkopf viveu na Suíça antes de se mudar para Viena, onde morreu.”
In “Jornal de Noticias” – 2006/08/04
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