Saturday, May 13, 2006

Desabafo

Sentada na esplanada, penso na vida e no que me vai fugindo por entre os dedos, é certo que já não tenho vinte anos, a verdade é que não me sinto a caminho dos trinta, gostava de poder voltar a trás e experimentar coisas que não fiz, sem que esquecesse as que realmente fiz.
Cada vez tenho mais a certeza que uma vida é pouco, para tudo o que gostava de poder aprender, ver, sentir, ouvir e conhecer. Eu gosto tanto da vida que se pudesse seria imortal.
Estou a ter um bocado de problemas a lidar com esta história da idade, os meus amigos também não ajudam ou são mais novos, em alguns casos bem mais novos, ou então bastante mais velhos, são raros os que estão na mesma faixa etária, e esses parece-me que têm a coisa bem resolvida porque enveredaram pela opção da família, ora essa opção por agora parece-me bastante prematura.
Sou sozinha, sempre fui, nunca gostei muita da companhia. Fazem-me muita confusão as dependências. Gosto de estar assim. Não digo que não mude…o futuro a Deus pertence.
A idade trouxe-me um pouquinho mais de ponderação, mas mesmo assim continuo a ser de extremos e a acreditar em causas, não baixo os braços facilmente, mas também já não me atiro para baixo dos “bulldozers”. Estou diferente e com plena consciência disso.
O que é facto é que isso me assusta e muito, sinto-me à beira de um precipício e sei que tenho de me atirar mas o medo é muito, embora sinta o pára-quedas nas costas.
Sei que daqui a um ano tudo estará diferente, arrepio-me é por não saber como estará tudo. Sempre consegui visualizar todos os passos que dei, e isso deu-me confiança, ultimamente não consigo.
Desculpem o desabafo, mas tenho alguns problemas com a oralidade neste tipo de coisas, e existem certas alturas em que se tem de gritar e esta foi uma delas.
Obrigada pela vossa amizade e persistência em ler as minhas tolices.


4 comments:

Leonor said...

estás a ter problemas com a historia da idade. deixa-me dizer-te que quando fiz trinta e um ainda nao me tinha convencido que tinha feito trinta. fiz 45 ha dias e ainda nao consegui habituar-me, rsssssss

beijinhos da leonoreta

António said...

Minha querida amiga!
Tenho 57 anos e penso ser um bom naco mais velho que tu.
Mas sinto-me bem com a idade que tenho.
Há vários anos que consegui interiorizar que o envelhecimento é um processo natural e inevitável e, por isso, não merece muita reflexão sobre ele.
Também aprendi que cada idade tem os seus encantos e nos podemos sentir tão bem aos 20 como aos 60.
Felizmente tenho saúde!
Se não a tivesse talvez falasse de outro modo.
Mas para já...não vale a pena pensar muito nisso.
Só quanto baste.

Obrigado pela tua visita ao meu "diálogo da borrachona".
Acho que o problema das dependências é muito grave e complicado mas não o sei explicar. Só observar e tentar descrevê-lo o melhor que sei.

Viva a vida!

Beijinhos

Misty said...

Olá, já aqui não vinha há um bom bocado de tempo. Curioso o dia em que publicaste este teu desabafo. Coincidiu com algo muito marcante para mim...enfim, adiante.

Quando cheguei aos 30, não fiz qualquer reflexão acerca do assunto "idade". Talvez porque tenho saúde, tenho um aspecto muito mais novo do que sou, tenho amigos da mesma idade, outros mais novos e outros mais velhos, mas sempre me senti rodeada de pessoas de que gostava, pelo que são na sua essencia, e a idade nunca foi tabu. Para nada.

Aos 33, porém, dei comigo a olhar para trás a ver o que tinha conseguido, onde tinha chegado e se gostava do que via. Foi uma espécie de revisão da matéria dada.
Não gostei e virei a página.

Aqui chegada, e com 36, quase 37, digo-te que sim, aflige-me sentir que os "entas" vêm aí e que talvez deixem de me chamar "miúda", mas, ao virar a página senti-me forte e com vida e ânimo para continuar.

Só posso, não é?

Beijinho!

The Guga said...

Eu quando vejo os anos a passar não posso deixar de sentir felicidade. Estes momentos já são meus, ninguem mos tira, gozei o que pude, e às vezes até mais que isso!! Aprendemos com eles, noutros casos provavelmente manteremos a mesma ideia, mas não estamos iguais, eu sinceramente acho que só podemos é ser melhores. Venham os próximos e penso que a idade só nos deve fazer é ter ainda mais vontade de gozar a vida, cada qual à sua maneira.