Sunday, April 24, 2005

O primeiro

Andando, andando, andando sem parar
Ambos, se bem que vivos, sempre separados.
A distância entre nós? Não tem fim,
Cada um numa ponta do céu.

O caminho é tão longo, e bem perigoso.
Tornaremos a ver-nos, quem o dirá?
O cavalo tártaro fia-se no vento norte,
O pássaro do sul tem ninho nos ramos austrais.

Quanto mais se afasta o dia que nos separou,
Mais se faz largo à cintura do meu cinto.
Que nuvem flutuando, encobre o claro sol,
Para que o homem, errante, renuncie ao regresso?

De tanto pensar em vós, envelheci mais cedo.
De repente, toca o crepúsculo, a minha vida.
Mas porque falo tanto de mim, eu,
Cuidai é de vós!


Anónimo Chinês


* Este é o primeiro dos «Dezanove Poemas Antigos». São umas das obras-primas do tempo dos Han, e que teve enorme influência na poesia chinesa.

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