Tuesday, May 30, 2006

Deixem-me

Tenho andado um bocadinho afastada, mas estas semanas têm sido um turbilhão de emoções e sentimentos, sinceramente nem sei que vos diga, sei que não tenho andado muito em mim, gostava de poder ser mais racional.
Esta altura está de facto a ser um bocado complicada, mas a vida é feita destas coisas porque senão deveria ser um desconsolo.
Confesso que com isto tudo tenho aprendido várias coisas, que provavelmente utilizarei no futuro, ou não…que me têm feito crescer é certo, mas também por esta altura já não sabiam que eu NÃO QUERO crescer?
Existem coisas que nos entristecem o fundo da alma e contra as quais não conseguimos encontrar formas de combate…eu pelo menos não consigo. E contorço-me diariamente a pensar nelas…porquê? Não sei, dizem que senão os conseguimos vencer para nos juntarmos mas eu não consigo, confesso que não consigo, é superior a mim.
Gostava de por um momento poder voar ao sabor do vento, planeando sobre o mar, para me sentir livre e poder esquecer…mas para isso resta-me o sonho, de outra forma não vou lá.
Preciso de cantar, angustia-me esta ausência de palco, preciso de deitar fora uma série de sentimentos que cá andam guardados.
Mas porque tem de ser tão complicado a vida, não há forma de simplificar?

Ficam aqui umas frases que escrevi com quinze aninhos e que demonstram o que sinto agora:

“Deixem me ser, ora bolas!
Deixem-me, deixem-me, deixem-me…
E se não me quiserem deixar,
Olhem-se ao espelho que terão muito para onde olhar”

Saturday, May 13, 2006

Desabafo

Sentada na esplanada, penso na vida e no que me vai fugindo por entre os dedos, é certo que já não tenho vinte anos, a verdade é que não me sinto a caminho dos trinta, gostava de poder voltar a trás e experimentar coisas que não fiz, sem que esquecesse as que realmente fiz.
Cada vez tenho mais a certeza que uma vida é pouco, para tudo o que gostava de poder aprender, ver, sentir, ouvir e conhecer. Eu gosto tanto da vida que se pudesse seria imortal.
Estou a ter um bocado de problemas a lidar com esta história da idade, os meus amigos também não ajudam ou são mais novos, em alguns casos bem mais novos, ou então bastante mais velhos, são raros os que estão na mesma faixa etária, e esses parece-me que têm a coisa bem resolvida porque enveredaram pela opção da família, ora essa opção por agora parece-me bastante prematura.
Sou sozinha, sempre fui, nunca gostei muita da companhia. Fazem-me muita confusão as dependências. Gosto de estar assim. Não digo que não mude…o futuro a Deus pertence.
A idade trouxe-me um pouquinho mais de ponderação, mas mesmo assim continuo a ser de extremos e a acreditar em causas, não baixo os braços facilmente, mas também já não me atiro para baixo dos “bulldozers”. Estou diferente e com plena consciência disso.
O que é facto é que isso me assusta e muito, sinto-me à beira de um precipício e sei que tenho de me atirar mas o medo é muito, embora sinta o pára-quedas nas costas.
Sei que daqui a um ano tudo estará diferente, arrepio-me é por não saber como estará tudo. Sempre consegui visualizar todos os passos que dei, e isso deu-me confiança, ultimamente não consigo.
Desculpem o desabafo, mas tenho alguns problemas com a oralidade neste tipo de coisas, e existem certas alturas em que se tem de gritar e esta foi uma delas.
Obrigada pela vossa amizade e persistência em ler as minhas tolices.


Saturday, May 06, 2006

Let me not

Numa semana em que Coimbra está em festa e com a Fonte dos Amores como pano de fundo, deixo-vos aqui o meu soneto preferido de Shakespeare e a respectiva tradução de Vasco Graça Moura, confesso-vos que não gosto muito desta tradução, mas é a única que possuo.


Foto:MT

"Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments; love is not love
Which alters when its alteration finds,
Or bends with the remover to remove.
O no, it is an ever-fixed mark,
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wand`ring bark,
Whose worth`s unknown,although his height be taken.
Love`s not Time`s fool, though rose lips and cheeks
Whitin his beding sickle`s compass come;
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved."


Foto:MT

"Não haja impedimentos à união

de alma fiéis; amor não é amor

se se alterar ao ver alteração

ou curvar a qualquer pôr e dispor.

Ah, não, é um padrão constante

que enfrenta as tempestades com bravura;

é estrela a qualquer barco navegante,

de ignoto poder, mas dada altura.

Do Tempo o amor não é bufão, na esfera

da foice curva em bocas,róseos rostos;

com breve hora ou semana não se altera´

e até ao julgamento fica a postos.

E se isto é erro e em mim a prova tem,

nunca escrevi e nunca amou ninguém."