Monday, April 25, 2005

Cultura e Educação


Esboços de um Pensamento Inacabado

De alguns anos a esta parte venho pensado bastante no papel da Arte em todo o processo educacional, ou melhor em quê que a cultura, a arte poderá impulsionar de um modo positivo a educação das nossas crianças.
A teoria é simples e nada complicada, a escola deve funcionar como uma orquestra, em todas as suas particularidades.
Pensemos então numa orquestra. Existem vários instrumentos, todos eles diferentes, os instrumentistas são provenientes de várias partes do globo, no entanto apesar de todas as diferenças entre instrumentos e instrumentistas, o conjunto em si é harmonioso e difícil de igualar em poderio sonoro. Porquê? Porque existe respeito, os músicos foram ensinados a ouvir outros instrumentos que não o seu, não existe um grau de importância, todos têm o seu papel, e a raça, a religião, os ideais políticos do seu colega do lado nada interessam, o único que seguem é o maestro, porquê? Porque o seu papel é superior a isso, músicos e maestro estão ali para homenagear o compositor, e só o poderão fazer em conjunto.
Ora, se as crianças numa escola fossem ensinadas a ter o seu papel no sistema de ensino, a não serem meras espectadoras, a poderem optar pelo “instrumento” que mais gostam, a serem respeitadas e a repeitar quem as rodeia, a seguir, lado a lado, com o professor para, juntos, atingirem a meta do conhecimento...
Infelizmente, existe uma realidade muito diferente nas nossas escolas, e um pouco por todo o globo. Porque não motivar as crianças para a escola, a não desistirem de estudar, tornar a escola um lugar agradável para além do intervalo? Como fazê-lo? Através da Arte, criem-se clubes ou mesmo aulas artísticas dentro da escola, vocacionadas para esses miúdos que não podem pagar escolas particulares mas que têm algum talento, dêem-lhes a possibilidade de experimentar dança, pintura, escultura, fotografia, música e teatro, não só o conhecimento escolástico tradicional das áreas mas também a sua vertente mais moderna, nem todos vão ser “Nureyeves”, “Rembrants”, “Mozarts” ou “Laurence Olivier`s” mas se calhar retiramos mais um miúdo das ruas.
Artisticamente ensinamos os miúdos a trabalhar, como um músico da orquestra, sem olhar a credos, raças, politica, etc…porque não é possível fazer arte com intolerância.
Não acredito naqueles que dizem que não há esperança no futuro, eu penso que o futuro é a nossa única esperança.
Acredito que com a ajuda da Arte podemos ensinar às crianças a construírem um mundo efectivamente melhor.
As ideias estão um pouco avulsas, mas tal como o título indica são pensamentos, ainda, inacabados.

Sunday, April 24, 2005

O primeiro

Andando, andando, andando sem parar
Ambos, se bem que vivos, sempre separados.
A distância entre nós? Não tem fim,
Cada um numa ponta do céu.

O caminho é tão longo, e bem perigoso.
Tornaremos a ver-nos, quem o dirá?
O cavalo tártaro fia-se no vento norte,
O pássaro do sul tem ninho nos ramos austrais.

Quanto mais se afasta o dia que nos separou,
Mais se faz largo à cintura do meu cinto.
Que nuvem flutuando, encobre o claro sol,
Para que o homem, errante, renuncie ao regresso?

De tanto pensar em vós, envelheci mais cedo.
De repente, toca o crepúsculo, a minha vida.
Mas porque falo tanto de mim, eu,
Cuidai é de vós!


Anónimo Chinês


* Este é o primeiro dos «Dezanove Poemas Antigos». São umas das obras-primas do tempo dos Han, e que teve enorme influência na poesia chinesa.